O terreno de 20 x 30 m sobre o qual deveríamos intervir está na margem da urbanização do bosque de Mar Azul frente a um prédio de características paisagísticas similares. Este território de dunas fixas por acácias e pinheiros ainda não foi loteado e essa condição era uma característica muito valorizada pelos clientes, já que é esperado que ela permaneça assim por muito tempo, de modo que eles possam desfrutar de um cenário encantador sem construções que a modifiquem. O lote, um pouco maior do que os terrenos adjacentes, não apresenta diferenças muito acentuadas de nível. Sua superfície é suavemente ondulada e é muito arborizada.
Os clientes, um casal com dois filhos adolescentes, nos haviam prometido em 2004, quando descobriram nossa primeira obra no Mar Azul, que iriam comprar um lote para que fizéssemos uma casa com as mesmas características. Em 2008 o concretizaram e fiéis à promessa nos responsabilizaram por sua casa de verão. A mesma deveria ter aproximadamente 100m², estar muito integrada à paisagem e aproveitar as vistas privilegiadas ao bosque vizinho.
Necessitavam contar com dois dormitórios, dois banheiros, um deles na suíte, e um lugar de estar (com a cozinha integrada) que seja o mais generoso possível. Como os filhos eram adolescentes, sugerimos o que parecia lógico presentear-lhes com a possibilidade de possuírem dormitórios separados. Mas, como a área não poderia ser aumentada fizemos estes estreitos, como “cabines”. A ideia sempre pareceu aceitável desde que estes espaços não sejam muito fechados.
O acesso ao piso principal da casa é dado através de uma escada de concreto. Depois de atravessar a porta de entrada e um pequeno hall, observam-se dois lances de escadas que levam meio nível acima, ao dormitório principal com seu banheiro incorporado, e meio nível abaixo, a um espaço de pé-direito duplo semienterrado pelo qual se acessa o banheiro geral e aos dormitórios-cabine. A partir destes pode-se sair a um pátio também semienterrado que serve como a expansão dos mesmos, mas, sobretudo, é utilizado como um recurso para tornar indefinido o fechamento de um dos lados e que desta maneira possam, também, integrar a paisagem.
O pavimento de entrada é um espaço único, com diferenças de altura e paredes de concreto que definem os lugares para cozinhar, comer e estar. A casa é desenvolvida dentro de um prisma de concreto e vidro que não destaca os diferentes níveis nos quais está resolvida. Para isto duas grandes viga recorreram os lados mais largos e são resolvidas como simples ou invertidas permitindo diferentes posições da extremidade da laje. No setor de jantar esta situação aproveita para criar com a diferença de alturas não somente os zoneamentos funcionais como também vistas para a copa das árvores na distância entre as placas. Foi utilizado um concreto H21 com agregado fluidificante para que esta mistura com escassa quantidade de água quando secasse resultasse em algo compacto e que não fosse necessária a impermeabilização.
As paredes interiores de tijolos ocos são rebocadas e pintadas com látex branco, o piso é de panos de alisado de cimento por placas de alumínio. O encontro entre os muros e solo foi resolvido com um perfil enterrado de alumínio. As aberturas são de alumínio anodizado de cor bronze escuro. O sistema de calefação, já que não há gás natural na área, foi resolvido com um sistema que combina salamandra, aquecedores à gás e elétricos.
Salvo a cama do casal e os sofás e cadeiras, o resto dos equipamentos desta habitação é fixa no concreto. Até mesmo as camas dos dormitórios-cabines são placas perfuradas resultadas num balanço.